Não é novidade p/ ninguém que eu resolvi abandonar o blog. Nada especificamente programado, mas, por motivos pessoais, deixei de me sentir à vontade para falar de sentimentos pessoais por meio de algo público. Na realidade, ainda concordo com a idéia de que isso não é o melhor a se fazer para quem procura uma vida mais reservada, mas algo dentro de mim me faz querer escrever meus pensamentos, sentimentos, devaneios. Talvez a mesma coisa que me despertou o interesse de cursar letras; todos nós das humanas somos assim meio doidos, pensadores, incoerentes às vezes, outras não... ^^
Não é a melhor das inspirações estar em uma casa com 3 meninas na sala e um bebê dormindo, entao sei que o potencial literário disso será prejudicado... rs. Mas uma das coisas que me fez ter vontade de dar início a mais um registro desses meus devaneios foi o clima hoje, manhã chuvosa. Dias de chuva, dias escuros, dias nublados têm sempre algo de mais inspirador, mas sei que isso só se torna possível pelo contraste que eles fazem com os belos dias de sol. Foi profundo isso, não? Haha... mas muito verdadeiro. =p
Lamento por ter parado de escrever sempre, por não registrar toda vez os pensamentos, são tantos, que levam a tantos lugares, abrem tantos caminhos diferentes para questionamentos... engraçado, a maioria deles permanece sem resposta!... e, ainda assim, como é bom pensar e questionar...! Mas, claro, os mais profundos permanecem sem resposta, aqueles tais como o que é Deus, como o mundo começou, pra onde vai, se é que vai, como termina, se é que termina, se não termina vai pra onde, dura quanto tempo, o que é a eternidade, o que tem no universo... enfim. Haha. A maioria pode rir disso e pensar “que menina louca que fica pensando essas coisas, nada a ver”, mas até a pessoa mais discrente e que mais evita pensar também veio pra esse mundo de alguma forma, vai de alguma forma e convive com todas essas incertezas, mesmo que não pense a respeito delas. Claro que é mais fácil ignorar, pensar nas coisas materiais, mesmo sabendo que um dia elas não terão valor nenhum e etc. Eu tb faço isso... super difícil fazer uma economia nesses EUA, fico maluca nos outlets da vida, hiper consumista, querendo tudo, é muito legal mesmo, mas há um contraste entre meu eu-questionador que pensa além da “bolha” haha, e o meu eu que ignora e simplesmente vive, como se a vida começasse quando nasce e acabasse quando morre e a nossa jornada fosse realmente apenas isso aqui no planeta Terra. Sei que não tenho nada que me garanta de fato que não é realmente assim; apenas meu instinto, que me diz que não pode ser só isso.
Quando olho pra trás e penso que já se passaram 5 meses longe da minha família, dos meus amigos, do meu amor, da minha pátria, meu clima, minha comida, meu lar... sinto algo tao estranho. Lembro de coisas que aconteceram há meses atrás, parece que já faz tanto tempo e, quando eu penso que de lá pra cá eu ainda não vi ninguém, não voltei e tal, é muito estranho. Às vezes, me pergunto como é que eu aguentei até aqui, não sei se aguentaria se tivesse que fazer de novo, mas, definitivamente, não quero fazer de novo. Rs... pelo menos, não tao logo e jamais nessas condiçoes, como au pair, etc, etc.
Quem realmente me conhece e mantém contato sabe que estou voltando mais cedo... não vou detalhar isso aqui, pois já falei tanto desse assunto que me cansei, meus motivos já estao perfeitamente claros na minha cabeça e já foram muito bem explicados para os que mais me importam, entao realmente não sinto a necessidade de explicar nem medo de algum julgamento errado, porque estou tranquila com a minha consciencia e sei que me sentirei vitoriosa e orgulhosa de tudo que fiz e por ter sido exatamente assim, qualidade a cima de quantidade, e voltarei de cabeça erguida, independente de alguém querer julgar alguma coisa. Quem são as pessoas pra apontar defeitos nas outras? Ainda mais pessoas que nem mantêm tanto contato com aquelas de quem estão falando, por isso não me preocupo mesmo.. explicaria, mas não sinto necessidade nem disposiçao. A decisão é minha e ponto. Estou feliz com ela, mas mto tensa com tudo que ainda tenho por resolver. Digamos que a parte mais difícil já foi, mas esses momentos de grandes mudanças sempre trazem grandes tensões, parece que a mente fica uma confusão. Ainda mais quando, com a cabeça cheia, vc tem que aturar gritaria e malcriação de criança... aliás, nem estou acreditando que estou conseguindo escrever isso agora pq estou com todos em casa pq eles estão de férias (outra coisa que parei pra pensar esses dias, qdo vc vem para os EUA como au pair, vc tem grande probabilidade de odiar muito algumas coisas que vc provavelmente adoraria se viesse como turista, tais como férias, spring break e neve!!! rs), coloquei elas pra verem TV um pouco, a tarde vamos na livraria, o baby ta dormindo e a Clare tá brincando do meu lado. Às vezes, ela me interrompe e pede pra digitar no PC, mas ela praticamente só sabe escrever o nome dela ainda. Hehe
Agora está mais tranquilo, mas tem horas que são muito difíceis. Nessa semana, meu nível de estress tá altíssimo com elas, já passei cada uma... mas não vale a pena ficar explicando, cada dia que passa é uma vitória. Só uma au pair sabe a alegria que é quando chega a hora do dia de ficar off. Haha...
Olha, eu sei que vou sentir saudades, algumas vezes já chorei por pensar em ficar longe pq a gente acaba criando vínculo demais; toda despedida é dolorida, toda escolha implica uma renúncia e, proporcionalmente, as grandes escolhas implicam grandes renúncias. Já tive vontade de escrever sobre isso, mas não escrevi. Enfim, essa é uma realidade e muitas vezes me sinto assim, mas nessa semana... MEU DEUS. Não estou mais suportando cuidar de crianças, elas estão me tirando do sério demais. Nunca o bebê, ele é meu xodó, e a Clare tb é toda meu denguinho, mas a Grace sempre foi difícil e a Paige as vezes tá chata demais tb, mas demais mesmo, que dá vontade de bater e nunca mais ver na frente as vezes. E nesse meio todo, junta com bebe chorando, Clare pedindo, nenê cagando (nem vou contar detalhes sórdidos que é melhor...), Grace desobedecendo, Paige desobedecendo, uma brigando com a outra, uma querendo empurrar o bebê, uma jogando água, uma perturbando, todas me pedindo 500mil coisas ao mesmo tempo.... tem hora que AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA, me dá nos nervos. 4 crianças é uma quantidade difícil, sei que a personalidade varia tb, mas outro fato relevante é que acho que elas são mal educadas, pra piorar um pouco. E quando junta a TPM? (que, by the way, é o caso agora) Me lembro das minhas antigas TPMs, que eu implicava com meu namorado às vezes qdo ele estava só tentando ser carinhoso, mas eu tava estressada pela TPM, e agora não importa se to na TPM, se to com gripe, se to com dor, se to com sono, se to trsite, tenho que levantar cedinho, faça chuva faça sol, fazer 500 milhões de coisas e ainda aturar desaforo de criança mimada.
Tá, sei que falando assim parece que odeio tudo e acho o programa au pair uma furada, mas isso não é verdade, tem muitas coisas boas tb e, mesmo com as ruins, tem muito aprendizado. Só que agora estou em um momento de desabafo pq to me sentindo SATURADA demaaaaaaaaaaaaais. Não vejo a hr de voltar a viver a minha vida, pq aqui não vivo de fato, já disse isso milhares de vezes. E talvez aquela rotininha de sempre seja o máximo qd eu tiver de volta. Talvez não. Mas outra realidade é, como diz aquela música do IRA, “Eu quero sempre mais...”. Seja qual for a realidade que eu esteja vivendo, vou estar buscando algo mais, mas acho até isso saudável, se dentro do limite certo, faz parte da vida estar sempre buscando. O segredo é não esperar pra ser feliz só quando alcançar algum dos objetivos, mas ser feliz também durante a busca. Acho que na maior parte da minha vida fui feliz durante a busca... aqui não tanto, mas tem sempre a felicidade de sentir que estou superando limites, agora simplesmente chegou num ponto que se passar disso não estarei sentindo felicidade nenhuma, entao voltarei a tempo de olhar pra trás e ver que tudo valeu a pena como foi, sem ter ultrapassado demais os limites e feito com que isso se tornasse mágoa.
No ponto que tá, será vitória e sucesso... e chegou a hora de buscar outra coisa, novo objetivo, que um dia será alcançado e substituído por mais um novo, mas o caminho será, se Deus quiser, repleto não só de espinhos, mas também de flores. Cabe a cada um de nós se espetar nos espinhos ou sentir o perfume das flores. Cabe a cada um de nós saber os próprios limites, ter coragem para começar, mas também saber a hora de parar, saber que os espinhos existirão, mas que se houver apenas espinhos, o caminho está provavelmente errado e vale a pena voltar para procurar uma estrada florida. O lema é seguir a alegria, o que a gente faz setindo no coração está sempre certo. “Siga sua alegria”. :)